Domingo no Parque

____________________________________________________________

Gilberto Gil

Letra:

O rei da brincadeira (ê, José)
O rei da confusão (ê, João)
Um trabalhava na feira (ê, José)
Outro na construção (ê, João)


A semana passada, no fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde saiu apressado
E não foi pra Ribeira jogar capoeira
Não foi pra lá, pra Ribeira, foi namorar
O José como sempre no fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio
Foi no parque que ele avistou Juliana
Foi que ele viu
Foi que ele viu Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João
O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração

O sorvete e a rosa (ô, José)
A rosa e o sorvete (ô, José)
Foi dançando no peito (ô, José)
Do José brincalhão (ô, José)


O sorvete e a rosa (ô, José)
A rosa e o sorvete (ô, José)
Oi, girando na mente (ô, José)
Do José brincalhão (ô, José)


Juliana girando (oi, girando)
Oi, na roda gigante (oi, girando)
Oi, na roda gigante (oi, girando)
O amigo João (João)
O sorvete é morango (é vermelho)
Oi girando e a rosa (é vermelha)
Oi, girando, girando (é vermelha)
Oi, girando, girando...
Olha a faca! (olha a faca!)

Olha o sangue na mão (ê, José)
Juliana no chão (ê, José)
Outro corpo caído (ê, José)
Seu amigo João (ê, José)
Amanhã não tem feira (ê, José)
Não tem mais construção (ê, João)
Não tem mais brincadeira (ê, José)
Não tem mais confusão (ê, João)

Vídeo video_library

Domingo no Parque é uma canção de Gilberto Gil, lançada em 1967. Trata-se de uma música narrativa, que conta a história de dois rapazes amigos: um deles é José, o rei da brincadeira, e o outro João, o rei da confusão. No fim de semana, ambos foram fazer o que sabiam: divertir-se e brigar, respectivamente. Mas João não foi brigar, e José quando viu uma moça - Juliana - no parque de diversões se apaixona, mas é tomado de raiva quando vê Juliana com João, sendo tomado pelo ciúme e cometendo um duplo homicídio passional, levando ao anticlímax final.

A música é riquíssima em figuras de linguagem, como as metonímias, anáforas e quiasmos. Nos arranjos, a composição causou violenta polêmica por unir elementos considerados contraditórios da cultura contemporânea, como o som do berimbau, o andamento melódico da letra, que lembra um baião, de um lado, e, de outro, a presença de orquestra de música erudita e o acompanhamento de um conjunto de rock, no caso os Mutantes, o que revoltou muitos fãs tradicionalistas de música brasileira, por causa do uso de guitarra elétrica, considerado então um símbolo do "colonialismo cultural".

Gilberto Gil ganhou o segundo lugar com essa canção no III Festival de Música Popular da TV Record de 1967, acompanhado do grupo Os Mutantes, com moderno arranjo de Rogério Duprat, também premiado em primeiro lugar nesse quesito.

A música foi lançada no álbum "Gilberto Gil" (1968) e teve o mérito de, ao lado de "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, se tornar um divisor na música brasileira. Gilberto Gil buscava um som mais universal para a música que se fazia naquela época e usou elementos baianos, como o som do berimbau e a roda de capoeira. A história de José e João tem narrativa cinematográfica e o arranjo orquestral de Rogério Duprat pontua o confronto e descreve perfeitamente esse clima de delírio.




Escute no Spotify library_music


Referências Externas queue_play_next

forward «Um domingo tropicalista no parque, na visão de Gilberto Gil» - Paulo Peres

forward «No tempo em que o popular era muito, mas muito bom» - Milton Ribeiro