Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
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"Roda Viva" é uma canção do cantor e compositor brasileiro
Chico Buarque de Holanda. Foi classificada em terceiro lugar
no III Festival de Música Popular Brasileira, setembro e
outubro do ano de 1967, ano em que foi lançada em seu álbum
Chico Buarque de Hollanda - Volume 3. A revista Rolling Stone
Brasil nomeou "Roda Vida" a vígesima sexta maior música
brasileira de todos os tempos.
A música "Roda Viva" foi escrita inspirada na peça de teatro
de mesmo nome, também de autoria de Chico Buarque.
A peça não tinha a ver com política, mas com a
trajetória de um cantor massificado pelo esquema
da televisão. Em julho de 1968 a peça foi montada
em São Paulo quando o CCC invadiu o teatro,
depredou o cenário e espancou os atores.
Chico Buarque suspeitou, na ocasião, que o
CCC pretendia invadir a apresentação do espetáculo
dirigido por Augusto Boal, Feira Paulista de
Opinião que acontecia em outra sala do mesmo teatro.